O Brasil virou referência em cibersegurança e LGPD em 2025. Isso muda o jogo para empresas, líderes e profissionais de tecnologia.
Em poucos anos, saímos do estigma de “país vulnerável” para um cenário de maturidade crescente, com mais governança, mais capacitação e mais cooperação internacional.
E aqui está o ponto prático: segurança e privacidade deixaram de ser “tema do time de TI”. Agora são estratégia, reputação e continuidade do negócio.
O que os rankings realmente dizem sobre o Brasil
Quando falamos de reconhecimento global, vale um cuidado: o Global Cybersecurity Index (GCI) 2024, da União Internacional de Telecomunicações (UIT), trouxe uma mudança importante. Em vez de apenas “ranquear países”, a edição passou a usar tiers (níveis) para medir o compromisso e a maturidade em cibersegurança. ITU
Ainda assim, no recorte das Américas, o Brasil foi citado como 2º país nas Américas em compromisso/maturidadena edição mais recente do índice, segundo comunicado público.
Tradução para quem decide: o Brasil está sendo reconhecido por estrutura, práticas e coordenação, não só por “pontuação bonita”.
O que trouxe o Brasil até aqui
1) Mais gente qualificada (e mais rápido)
Uma peça-chave é a formação de talentos. O programa Hackers do Bem foi criado para desenvolver recursos humanos em cibersegurança. E já reportou mais de 36 mil alunos certificados desde o lançamento.
Na prática, isso reduz um gargalo histórico: falta de profissionais para operar processos, ferramentas e resposta a incidentes.
2) Governança nacional mais clara
No nível de políticas públicas e direcionamento, a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) foi instituída por decreto no fim de 2023, organizando princípios e objetivos para o tema no país.
Para empresas, isso costuma acelerar uma tendência: mais exigência de governança, mais auditoria e mais maturidade em cadeias de fornecimento.
3) Resposta a incidentes e boas práticas mais acessíveis
O CERT.br é uma referência nacional em recomendações e coordenação relacionada a incidentes. Além de materiais e guias práticos (por exemplo, sobre ransomware).
Isso ajuda o ecossistema inteiro a falar a mesma língua: prevenção, detecção, contenção, recuperação e aprendizado.
4) Cooperação internacional mais forte
Outro marco é a Convenção de Budapeste, principal tratado internacional sobre crime cibernético. O Brasil promulgou a convenção internamente por decreto, reforçando o pilar de cooperação.
Para o mercado, isso significa mais alinhamento jurídico e mais capacidade de cooperação em investigações transnacionais.
LGPD e Europa: o que muda com a decisão de adequação
Em setembro de 2025, a Comissão Europeia publicou a versão preliminar (draft) da decisão de adequação para o Brasil, indicando que o país assegura um nível adequado de proteção para transferências de dados no escopo do GDPR.
Depois disso, o European Data Protection Board (EDPB) adotou uma opinião sobre o draft em novembro de 2025 — mais um passo formal dentro do processo.
O que isso significa (sem promessas exageradas)
Se a adequação for formalmente adotada, a tendência é reduzir atrito em transferências de dados da UE para o Brasil em diversos cenários, porque a base jurídica fica mais simples do que depender sempre de mecanismos adicionais.
Mas atenção: adequação não elimina a necessidade de governança, segurança, base legal, gestão de riscos e controles internos. Ela eleva o padrão esperado.




